CrossFit – e a reparação de outras horas.

Esporte pode ser uma ferramenta de inclusão e laço, mas também pode ser o oposto. No fundo, nas aulas de educação física na escola, eu queria dar conta de entrar na quadra e libertar meu corpo, mas não dava. Nos anos 90 que percorri minha infância, ser “homem o suficiente” para algumas práticas esportivas tinha critérios que me colocavam pra fora, não só pelos constrangimentos típicos que uma criança LGBTQIA+ crescia tendo que lidar, mas também porque se um menino tinha interesses e sensibilidades para alguns temas, o corpo dele era classificado e posto em um lugar. O que era ser “menino” o suficiente para ser escolhido pro futebol, se eu quisesse tentar? Porque eu não me sentia seguro e confortável para experimentar? Os outros meninos não sabiam lidar com diversidade. Os educadores também não.

Daí, o constrangimento também passa a ser representado no corpo: travas, postura ruim, espontâneidade dos movimentos comprometida, sensação de inadequação física.

Quando comecei o CrossFit eu fui com a antiga pergunta de fundo: dou conta disso? E agora eu dava conta de tentar, se eu quisesse – e isso é o que mais importava, nem tanto conseguir, mas poder experimentar em paz. Vamos libertando aos poucos a criança que a gente foi, dando pra ela as chances que faltaram. O nível de inclusão e pluralidade que você encontra no CrossFit faz caber quem quiser tentar, num contexto com apoio mútuo e conexão. Isso foi ajudando a mudar aquela voz antiga, respondendo: você tem força, seu corpo tem potência sendo exatamente a forma de homem que você é.

Sei que não é em qualquer box que eu teria essa chance, porque na real sempre tem mais a ver com as pessoas. Obrigado minha querida @camilacacoach por ter ajudado a libertar meu corpo do constrangimento esportivo, ampliando minha consciência corporal. Obrigado a todo mundo do @irmaoscrossfit pelo melhor ambiente para isso rolar. Quem me dera na minha infância, nas aulas de educação física, ter tido por perto profissionais como vocês. E obrigado ao menino de dentro, pela coragem.

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