Maria, Maria.

Ah, Maria, Maria – e que outro nome você poderia ter tido? Uma das coisas mais bonitas sobre você foi justamente ter sido esse tipo de gente que riu quando podia chorar. Olhei tantas vezes pra você pensando: Pra permanecer mais de 100 anos encontrando tanta graça na vida, tendo passado por tanta coisa, só mesmo com muita criatividade genuína. E você sempre criou mesmo. Matriarca no sentido mais lindo, criou mais que filhos, netos, plantações, animais e histórias – você criou principalmente uma marca na gente sobre beber a vida até o último gole, e rindo. Faz poucos dias que recebi um video seu fazendo piada. Mesmo com a memória gasta pelo tempo atravessando suas falas, você sempre achou um jeito de rir. E essa sua alegria e boa vontade pela vida não terminam nunca, na verdade. Olho pros meus tios e tias, pra minha mãe, e vejo eles com histórias e trabalhos que exigiram sempre muita criação, invenção, autonomia. Olho pra mim e uma coisa que eu sei é me virar, também sei bem ter sede pela vida – e não sou ingênuo de achar que isso tem só a ver comigo. Tem a ver também com a energia e narrativa que você derramou nos seus filhos, e que então eles derramaram nos filhos deles. Obrigado por fazer parte de mim, que honra eu sinto – porque quem traz na pele a sua marca vai sempre possuir essa estranha mania de ter fé na vida, Maria, Maria. Te amo vó, vai em paz e claro, com alegria.

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