Feriado, tempo.

Fazer cookies depois das 23h, beber com quem eu amo, morrer de rir com quem eu amo, cozinhar no dia seguinte pra quem eu amo e bebi na noite anterior para reparar ressacas com panelas cheias do melhor de mim. Ter tempo de perceber do que sinto falta e do que sinto excesso, mergulhar com a alma aberta na noite de São Paulo, encontrar as pessoas que ela me traz, criar marcas. Ver videos de cantos remotos do mundo que quero conhecer, comer olhando pela janela, treinar sem pressa, brincar com meu cachorro, ler para criar alternativas dentro, ter tempo de lembrar que tem coisas na minha vida que me deixam triste e ansioso, e pensar no movimento. Ter tempo – um mais lento que me dê mais chances de perceber: eu.

Os feriados ou qualquer dia onde “o tempo é livre” às vezes são lembrete de que uma das liberdades mais preciosas dessa vida é poder escolher o que fazer com nosso tempo. Fico pensando onde, nos outros dias, mantenho um pouco viva essa beleza de pintar na tela do meu tempo o que dança mais certo com o fluir do meu desejo.

Trabalhar com o que se ama faz diferença, mas trabalho é um tipo específico de contorno do tempo. Tempo livre é outra coisa, tem algo sobre quem somos que só tem chance de vir a tona nele.

A vida não é simples, e para além de feriados (um privilégio que a maioria nem tem), em pequenos recortes dos nossos dias, como ter algum tempo que seja absolutamente seu? Nem que seja uns minutos para coar um café e beber em pequenos goles, grandes sonhos, olhando pela janela.

Sabemos: dinheiro também tem a ver com liberdade, e a gente precisa vender um tanto do nosso tempo para financiar nosso lugar nesse mundo. Mas é importante administrar essa venda, essa conta – perder a autoria total do próprio tempo é uma forma de morte.

“O capitalismo é o senhor do tempo. Mas tempo não é dinheiro – isso é uma monstruosidade. O tempo é o tecido da nossa vida”.

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