
Leva um tempo para aprendermos que uma simples batata pode ser algo muito bom quando fazemos as coisas de um jeito que respeite o que ela é.
Quando eu tinha 13 anos eu sabia muito pouco de batatas. Os purês não faziam ainda muito sentido. O tempo é esse corredor que a gente anda (ou corre?) pra aprender sobre o que uma batata precisa para ser o melhor que ela pode. Respeitar seu tempo, seu processo, sua forma e seu limite – porque ela pode se transformar em mil coisas, mas não pode ser uma cenoura, e você precisa saber disso para não perder a chance de ver o brilho genuíno dela, sendo batata. Para brilhar de verdade a gente precisa também estar em paz com as nossas impossibilidades. Nada é mais emocionante do que uma coisa brilhando sendo si mesma.
Não estou mais falando só de batatas, percebi desde a terceira linha mas deixei seguir, acho que era disso mesmo que eu queria falar: sobre conhecer melhor algo para então fazer dele o melhor possível – conhece-te a ti mesmo? Enfim, outro dia ensino o purê, e também o parmeggiana desse domingo de bons lembretes.
Eu cozinhei e seguirei cozinhando na maioria
de todos os dias da minha vida – por vários motivos, às vezes é só porque é divertido ou porque amo comer, mas às vezes é para estar em contato com esse ato que simboliza de forma tão linda uma compreensão da natureza das coisas, de fora e de dentro da gente.